Sacramentos da Igreja Católica
Quem deseja conhecer profundamente os Sacramentos, precisa estudar o Catecismo Romano do Concílio de Trento (1566), que é uma importantíssima obra da Fé Católica, e uma referência indispensável para os padres, catequistas e seminaristas para sua formação teológica.

Essa obra deve ser incluída no conjunto das obras de estudo para aqueles que desejam se aprofundar e desenvolver o conhecimento dos elementos da Fé Católica difundidos nesses mais de dois mil anos de história da verdadeira, única e Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Segundo o Catecismo Romano do Concílio de Trento (1566), seis dos sete sacramentos são permitidos a serem exercidos por leigos, nos casos de necessidade, que veremos a seguir.
- Batismo [em caso de emergência]
- Crisma
- Comunhão Espiritual
- Confissão Espiritual
- Preparação para a morte [unção dos enfermos]
- Casamento
Sugestão de Leitura
Conheça a verdadeira fé da Igreja Católica Apostólica Romana, de mais de dois mil anos de História, Tradição e Magistério.
Por que se denomina "Sacramentos"
Os Padres Latinos chamavam de “sacramento” as coisas de Deus, para designar aquilo que é sagrado e oculto aos olhos do homem. O mesmo sentido se dá ao termo “mistério” utilizado pelos Padres Gregos. Ou seja, “sacramento” é o mesmo que “mistério”.
Observamos o mesmo sentido da expressão “sacramento” e “mistério” nas passagens:
“Afim de nos revelar o mistério de Sua vontade”
Efésios 1, 9“Sublime é o mistério da piedade”
1 Timóteo 3, 16“Eles ignoram os secretos desígnios de Deus”.
Livro da Sabedoria 2, 22
Na opinião de São Gregório Magno, pode-se chamar de sacramento porque a Onipotência divina neles opera ocultamente a salvação, sob o véu de coisas corpóreas.


Mas nem por isso se trata de uma introdução recente na linguagem eclesiástica. Quem estudar as obras de São Jerônimo e Santo Agostinho, perceberá que os antigos sacerdotes, muitas vezes empregavam o termo sacramento, em outros momentos usavam as expressões símbolo, sinal místico, e sinal sagrado.

Mas afinal, o que são os Santos Sacramentos?
Não há dúvida de que os Sacramentos pertencem à categoria dos meios, pelos quais os cristãos buscam a salvação e a justificação.
Estando eles porém ceando, tomou Jesus o pão e o abençoou, e partiu-o e deu-o a seus discípulos, e disse: “Tomai, e comei, este é o meu corpo”.
E tomando o cálice deu graças, e deu lho, dizendo: “Bebei dele todos, porque este é o meu sangue do novo Testamento, que será derramado por muitos para remissão de pecados.
Mas digo-vos: que desta hora em diante não beberei mais deste fruto da videira até aquele dia em que o beberei novo convosco no Reino de meu Pai”.
São Mateus 26, 26-29
Santo Agostinho nos concedeu uma justa e luminosa definição, que mais tarde foi adotada por todos os teólogos escolásticos.
“Sacramento, diz ele, é o sinal de uma coisa sagrada”.
Em outras palavras, que exprimem a mesma ideia: “Sacramento é o sinal visível de uma graça invisível, instituído para a nossa justificação”.
O sinal Sacramental
Para Santo Agostinho, sinal é tudo aquilo que, além de atuar por si em nossos sentidos, nos leva também ao conhecimento de outra coisa concomitante (aquilo que liga algo a outra coisa de maneira simultânea). Assim, pelos vestígios impressos na terra, facilmente se conhece que ali passou alguém, por causa das pegadas aparentes.
Fica claro, que os Sacramentos pertencem à categoria dos sinais, porquanto nos mostram exteriormente, por certa imagem e semelhança, o que Deus opera interiormente, em nossa alma, pelo Seu poder invisível.
Vamos analisar o exemplo do Batismo, em que recebemos uma ablução do corpo (purificação do corpo), que vem acompanhada de certa fórmula sacramental. Essa ablução é nada mais do que o sinal de que, pela virtude do Espírito Santo, se lava o interior do pecador de toda a mancha e torpeza do pecado, e a partir disso nossas almas são ornadas e enriquecidas com o elevado dom da justiça celestial.
Fundamento Bíblico
Por meio das Sagradas Escrituras, percebe-se também que os Sacramentos entram na classe dos sinais. Como por exemplo, a circuncisão, Sacramento da Antiga Aliança, que foi dado a Abraão, pai de todos os crentes, e São Paulo assim se exprime na epístola aos Romanos:
“E ele recebeu o sinal da circuncisão, como distintivo da justificação em virtude da fé”.
Noutra passagem, temos:
“Nós que fomos batizados em Sua morte”
Romanos 4, 11
Portanto, devem os fiéis saberem da importância dos Sacramentos pertencerem à classe dos sinais, para que dessa maneira, se torne mais fácil entenderem os santos e sublimes efeitos dos Sacramentos. E a partir dessa convicção, os fiéis prestarão maior culto e adoração à bondade de Deus para conosco.
Sugestão de Leitura
Caso queira um livro impresso, adquira o Manual da Igreja Doméstica, que apresenta as formas de celebrar os Sacramentos em casa, além de bênçãos, orações e roteiros dos Encontros com Jesus no canal da Capela da Sagrada Face noYoutube. O manual foi preparado seguindo a Tradição, Magistério da Santa Igreja.
Veremos as razões da instituição dos Sacramentos por Jesus. Pois sem eles o homem não seria capaz de obter o perdão e permanecer na presença de Deus.
- Fraqueza do Espírito Humano
- Dificuldade de se crer nas promessas divinas
- Pronta medicação da alma pela Paixão de Cristo
- Senha e divisa para distinguir os fiéis
- Profissão pública da fé católica
- Aumento do amor fraterno
- Repressão do orgulho
I - Fraqueza do espírito humano
A primeira razão se trata da natural fraqueza do espírito humano, que por ser limitado, não permite ao homem chegar ao conhecimento de coisas puramente intelectuais, senão por intermédio de percepções sensíveis. Deus, em sua infinita Sua infinita sabedoria, para facilitar a compreensão das operações invisíveis de Sua onipotência, decidiu manifestar essa virtude [dos Sacramentos] por meio de sinais sensíveis, que fossem também uma prova de Seu amor para conosco.
São João Crisóstomo afirma com toda a clareza:

“Se o homem não tivesse corpo, os bens espirituais lhe seriam propostos a descoberto, sem nenhum véu que os ocultasse. Mas, desde que a alma se acha unida ao corpo, era de todo necessário que, para a compreensão daqueles bens, ela se valesse de objetos adaptáveis aos sentidos”.
II - Dificuldade de se crer nas promessas divinas
A Segunda razão é que nosso espírito dificilmente põe fé nas promessas que nos são feitas. Por isso é que, desde o início do mundo, Deus sempre tomava a anunciar Seus desígnios por meio da palavra. Mas, às vezes, quando decretava alguma obra, cuja grandeza podia abalar a confiança em Sua promessa, acrescentava às palavras ainda outros sinais, que não raro tinham o caráter de milagres.
Exemplo:
Deus enviou Moisés para libertar o povo de Israel. Aquele, porém, sem confiar sequer no auxílio de Deus que assim ordenava, receou que a empresa superasse suas forças, ou que também o povo não desse crédito às decisões e palavras divinas. Então Deus confirmou Suas promessas com uma série de vários milagres.
Assim como Deus fizera no Antigo Testamento, confirmando por sinais a firmeza de Suas promessas: assim também Cristo Nosso Senhor, quando nos prometeu na Nova Lei a remissão dos pecados, a graça santificante, a comunicação do Espírito Santo, instituiu simultaneamente certos sinais sensíveis, nos quais víssemos empenhada a Sua palavra, de modo a excluir toda dúvida na realização do prometido.
III - Pronta medicação da alma pela Paixão de Cristo
No dizer de Santo Ambrósio, a terceira razão é que os Sacramentos deviam proporcionar, como os remédios do Samaritano no Evangelho, uma pronta medicação que nos restituísse, ou conservasse a saúde da alma.

A virtude que dimana da Paixão de Cristo, isto é, a graça que nos mereceu no altar da Cruz, deve chegar-nos dos Sacramentos, como que por uns canais de comunicação. Sem estes meios, não restaria nenhuma esperança de salvar-nos eternamente.
Levado de grande clemência, Nosso Senhor empenhou Sua palavra, e quis deixar à Igreja os Sacramentos. De nossa parte, temos a firme obrigação de crer que eles realmente nos comunicam os frutos de Sua Paixão, contanto que cada um de nós use tais remédios, com a devida fé e piedade.
IV - Senha e divisa para distinguir os fiéis
Existe uma quarta razão, pela qual se pode julgar necessária a instituição dos Sacramentos.
Deviam servir de senha e divisa para os fiéis se reconhecerem entre si. Conforme disse Santo Agostinho, nenhum grupo de homens pode constituir corpo jurídico, a título de verdadeira ou falsa religião, se os membros componentes se não ligarem entre si, pela convenção de alguns sinais distintivos da sociedade. Ora, os Sacramentos da Nova Lei satisfazem essa dupla exigência, porquanto distinguem dos infiéis os seguidores da fé cristã, e unem os fiéis entre si, mediante um vínculo sagrado.
V - Profissão pública da fé católica
Outra razão ponderável para a instituição dos Sacramentos vem expressa nas palavras do Apóstolo:
“Crê-se de coração para ser justificado. Mas, para ser salvo, se faz confissão de boca”. Ora, pelos Sacramentos fazemos pública profissão de nossa fé, e damo-la a conhecer na face dos homens. Quando, por exemplo, comparecemos para o Batismo, damos público testemunho de acreditarmos que, pela virtude da água, em que somos purificados pelo Sacramento, se opera também a ablução espiritual de nossa alma.
VI - Aumento do amor fraterno
Além disso, os Sacramentos são de grande eficácia, não só para ativar e nutrir a fé em nossos corações, mas também para inflamar aquela caridade, pela qual devemos amar uns aos outros; porquanto nos recordam que, pela participação dos mesmos Mistério, nos unimos uns aos outros pelos laços mais estreitos, e nos tornamos membros de um só corpo.
VII - Repressão do orgulho
São estes os pontos principais, que deverão ser explicados ao povo cristão, acerca do nome, natureza e instituição dos Sacramentos.
Depois de passá-los todos, com a devida exatidão, incumbe ainda aos pastores explicar as partes constitutivas de cada Sacramento, suas respectivas classificações, bem como os ritos e cerimônias que lhes foram acrescentados.